Mais sobre o dia de Portugal em Olivença (2016)
As comemorações do Dia de Portugal
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades foi, este ano, oficialmente evocado em Paris, com a presença do Presidente da República e do Primeiro-ministro português.
Faz sentido. Metade da população portuguesa reside fora de portas e Paris é a segunda cidade com mais portugueses.
É na vasta diáspora espalhada pelos quatro cantos do mundo que os portugueses se reencontram, na forte identidade do país, testemunho vivo da conceção universalista de serem e estarem.
Portugal deve muito aos emigrantes. Não só na credibilização da dignidade do seu povo mas também na tolerância que colocam no relacionamento que fazem, para não falar nos efeitos económicos e financeiros a que dão causa.
A maneira de ser dos portugueses é, aliás, resultado de encontros seculares de culturas.
Por coincidência, o 10 de Junho foi celebrado no dia em que se iniciou o campeonato europeu de futebol, que ocorre em França, facto que propiciou o reforço do calor do patriotismo dos nossos emigrantes.
Também pela primeira vez, o 10 de Junho foi comemorado na cidade de Olivença. O evento ficou a dever-se à visão aberta do presidente da Câmara local, Manuel José González Andrade, consciente do mundo em que vivemos e da necessidade de estreitarmos as relações de proximidade entre os povos dos dois lados do Guadiana, que nesse local não separa mas une portugueses e espanhóis.
Daí o convite para que o signatário tomasse a palavra, enquanto Secretário-geral da UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa, tal como o Dr. José Ribeiro e Castro, dirigente do Movimento 2014, de defesa da língua portuguesa. Foram comoventes os eventos que tiveram lugar em Olivença, como a apresentação do 1.º Prémio Literário UCCLA de Novos Talentos, Novos Escritores de Língua Portuguesa, do jovem João Nuno Azambuja, contando-se ainda com a apresentação de representantes da Conexão Lusófona. A participação de coros femininos alentejanos e de jovens músicos da escola apoiada pela Câmara de Belmonte, de par com a evocação do fado por uma natural de Olivença, remataram uma moldura muito bonita.
Estes eventos ocorreram com a aproximação do referendo no Reino Unido sobre a eventual manutenção ou saída do país da UE e também das eleições legislativas em Espanha. Uma e outra destas votações revelam uma grande incerteza quanto ao futuro da própria UE.
E isto porque é inquestionável que os europeus estão insatisfeitos com o rumo da política europeia. Além de que o português é a quinta língua mais falada do mundo.
A crise estrutural que se vive não se ultrapassará com visões economicistas que endeusam os mercados. A frase do Presidente da República em França, enaltecendo o instinto do povo português e a grandeza humana de Portugal é muito acertada. É com ela que devemos contar para recriarmos a esperança no futuro, voltando a pensar em grande e não em pequenino.
O Dia de Portugal, comemorado em cidades de países europeus, valeu a pena por isso.
Vítor Ramalho é secretário geral da UCCLA - União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa.
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