Mais ecos da jornada
5-Março-2009
OLIVENÇA DEFENDE PORTUGUÊS
(grande fotografia do Convento de São João de Deus em Olivença, com carros e pessoas à sua porta)
ANTÓNIO MARTINS QUARESMA / HISTORIADOR
Conforme o «Alentejo Popular» noticiou no último número, realizou-se no passado 28 de Fevereiro, em Olivença, um encontro, que teve por tema central o português oliventino, isto é, o português alentejano ainda falado naquela cidade pela franja mais idosa da população.
A organização deste Encontro deve-se à recentemente fundada associação oliventina Além Guadiana, que, estatutariamente, persegue a revitalização das raízes culturais portuguesas, em particular da língua. Esta Associação, dirigida por jovens, representa em Olivença uma nova maneira de encarar a cultura tradicional, valorizando- a e combatendo o preconceito que normalmente atinge as formas de cultura popular. O Encontro foi apoiado pelas instituições locais e regionais espanholas, como o "Ayuntamiento" de Olivença e a Junta de Extremadura, que aliás estiveram presentes através do Presidente da Junta, o também oliventino Guillermo
Fernández Vara, e pelo "Alcalde" de Olivença, Manuel Cayado Rodríguez. Recorde-se que em Olivença, antiga vila portuguesa desde o século XIII, anexada à Espanha no princípio do século XIX, o português se falou maioritariamente, até há bem pouco tempo. Hoje em dia, é falado apenas por uma minoria, mas os vestígios materiais da presença portuguesa são numerosos e muito visíveis. A influência portuguesa é sentida também nos «pormenores». A doçaria, por exemplo, onde sobressai um saboroso doce, que dá pelo peculiar nome de técula-mécula, é familiar ao nosso gosto alentejano. Nesta jornada estiveram presentes alguns linguistas, portugueses e espanhóis, cujas comunicações se revestiram de alto nível. Eduardo Ruíz Viéytez fez ressaltar a ideia de que a defesa das línguas minoritárias, como o Português oliventino, é também uma questão de Direitos Humanos e uma preocupação do Conselho da Europa. Juan Carrasco González explicou as variedades linguísticas da fronteira. Lígia Freire Borges falou no papel do Instituto Camões. José Gargallo Gil dissertou sobre fronteiras e enclaves na Península. Manuela Barros Ferreira trouxe o MIrandês, a língua minortitária de trás-os-Montes. Manuel Jesus Sánchez Fernández focou as dificuldades do Português oliventino. Servando Rodríguez Franco mostrou exemplos de alterações toponímicas em Olivença, resultantes da interpretação castelhana do Português. Domingo Frades Gaspar discorreu sobre a língua do vale do Eljas. António Tereno, o único responsável político português presente, explicou, por sua vez, as vicissitudes por que tem passado o processo de «classificação» do «barranquenho». Um momento especial foi a intervenção de José António Meia-Canada (querem apelido mais alentejano?) , natural de Olivença [erro: de Juromenha], que, na sua língua materna, deu genuíno testemunho do Português oliventino. Por fim, foi projectado um projectado um documentário sobre o
Português de Olivença, realizado a propósito. Após a projecção, com a noite já entrada, a
Jornada terminou, no meio de geral satisfação, pelo seu êxito e pela geral convicção de que
se estão a realizar acções profícuas no sentido da defesa do Português oliventino. Uma palavra ainda sobre a Associação Além Guadiana. Ela tem o seu sítio na "net", onde se podem encontrar notícias sobre as actividades que desenvolvem, para além de diversas informações com interesse. Basta procurar no Google, ou ir directamente aos endereços
"http://wwwq. alemguadiana. com" e "http://alemguadiana .blogs.sapo. pt/". O Presidente da Direcção é Joaquim Fuentes Becerra. Os restantes mebros são Raquel Sandes Antúnez, conhecida de todos os que gostam de boa música e do grupo oliventino Acetre, Felipe Fuentes Becerra, Fernando Píriz Almeida, Manuel Jesús Sanchez Fernández, Eduardo
Naharro Macías-Machado, Maria Rosa Álvarez Rebollo, José António González Carrillo, António Cayado Rodríguez e Olga Gómez. À laia de apelo, deixamos aqui uma nota final, dirigida especialmente às entidades portuguesas responsáveis pela política cultural, para que, à semelhança do que fazem os nossos amigos oliventinos, também em Portugal se preste atenção ao Português alentejano de Olivença.
LINGUISTAS ALENTAM A PROMOÇÃO DO PORTUGUÊS EM OLIVENÇA
(fotografia da mesa da Jornada)
A Língua Portuguesa constitui um recurso cultural de primeira ordem no concelho de Olivença. Esta e outras considerações, como a necessidade de proteger o dialeto que se fala na povoação e dinamizar a língua lusa deste município, são algumas das conclusões da Jornada sobre o Português Oliventino, organizada pela associação cultural Além Guadiana, na qual se reuniram um numeroso público de Portugal e de Espanha, instituições públicas e entidades ligadas à cultura.
Fernández Vara, que defendeu o valor estratégico da Língua Portuguesa na região e a importância de potenciar as pecularidades culturais de Olivença. O evento contou com a presença de Juan Carrasco, professor da Universidade da Extremadura, e Lígia Borges,
leitora do Instituto Camões, que falaram respectivamente das zonas linguísticas da Extremadura e a importância do Português no Mundo, bem como Eduardo Ruiz, consultor externo do Conselho da Europa, que defendeu a necessidade de preservar a diversidade linguística do Continente Europeu e, especificamente, articular medidas de protecção
e dinamização do Português em Olivença. A seguir desenvolveram- se duas mesas redondas: a primeira delas abordando o Português oliventino desde distintas óticas
e a segunda centrada na experiência de outras línguas minoritárias, como a Fala do Vale de Elhas, o barranquenho, o mirandêse outros enclaves linguísticos da Península Ibérica, onde se tomaram medidas de promoção. O evento concluiu com a apresentação do filme "Carne de Frontera/Carne de Fronteira", um emotivo percurso visual e sonoro pela
língua portuguesa em Olivença e a suas aldeias.

JORNADA DE PORTUGUÊS FOI "UM ÊXITO"
A jornafa sobre Português, organizada pela Associação Além-Guadiana em Olivença, foi "um estrondoso êxito", de acordo com Carlos Luna, do Grupo de Amigos de Olivença. "Pela primeira vez desde 1801, a língua portuguesa manifestou-se livremente em Olivença, com a
"cobertura" das autoridades" .






Abrió la jornada el presidente de la Junta, Guillermo Fernández Vara, quien defendió el valor estratégico de la lengua lusa en la región y la importancia de potenciar las peculiaridades culturales de Olivenza. El evento contó con la presencia de Juan Carrasco, profesor de la UEX, y Lígia Borges, lectora del Instituto Camões, así como Eduardo Ruiz, consultor externo del Consejo de Europa, quien defendió la necesidad de preservar la diversidad lingüística europea.
alberto villalba acuña
