Ruas e Lusofonias: mais ecos
ARTIGO DE UMA PÁGINA A-3 (11 de junho de 2010)
RUAS DE OLIVENÇA VOLTAM A TER NOMES PORTUGUESES
POLÉMICA
«No Centro Histórico da Cidade, 73 ruas, calçadas e becos recuperam a toponímia original, mantendo também o nome espanhol. Proposta partiu da Associação Além Guadiana» (Grande fotografia da Câmara, com a legenda "A toponímia antiga das ruas de Olivença remonta nalguns casos à Idade Média", e outra gravura com a placa Calle Francisco Ortiz López, com o nome "Rua de Entre Torres" em baixo, e a legenda "Placas são inauguradas amanhã")
por LUÍS MANETA,
É Hoje
As ruas de Olivença voltam a partir deste fim-de-semana a ostentar os nomes originais portugueses. "Era uma velha aspiração", diz ao DN o presidente da associação Além Guadiana, Joaquín Fuentes Becerra, de quem partiu a proposta de recuperar os velhos nomes das ruas oliventinas. "É uma maneira de desvendar parte do nosso passado português, de os oliventinos descobrirem aspectos pouco conhecidos da
sua história."
A toponímia original das ruas, que nalguns casos remonta à Idade Média, é inspirada nos antigos grémios de artesãos (como as ruas dos
Oleiros e dos Saboeiros), em pessoas notáveis da vila (becos de Rui Lobo e João da Gama, faceira de Afonso Mouro, rua de Maria da Cruz) ou
em santos de devoção popular (entre os quais São Bartolomeu, São Bento e Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal).
"Alguns dos antigos nomes ainda são utilizados pela população", garante Joaquín Fuentes Becerra. "Muitos outros já se perderam na memória colectiva, sobretudo nos mais jovens. Achamos que recuperar os velhos nomes é reconciliarmo-nos com a história, abrir a porta de um velho armário que leva muitos anos fechado."
A proposta da Além Guadiana, associação criada em Olivença há mais de dois anos para promover a cultura portuguesa, foi apresentada a todas
as forças políticas da cidade, acabando por ser aceite pelas autoridades espanholas, que decidiram recolocar os nomes originais sem no entanto alterar a actual denominação das ruas e mantendo a mesma tipologia das placas toponímicas. Fonte da Câmara de Olivença explica que o projecto inclui 73 ruas, becos e calçadas ao longo de todo o centro histórico, sendo editado um folheto turístico, bilingue, com as duas denominações das diversas artérias. "A maior parte da toponímia urbana de Olivença foi substituída ou modificada na primeira metade do século XX, se bem que alguns nomes originais continuem sendo utilizados pela população, como os casos das ruas da Rala, da Pedra e da Carreira."
Segundo Joaquín Fuentes Becerra, os antigos nomes das ruas são uma "janela ao passado português da vila, mas também uma ferramenta de
futuro com muitas implicações". "Ao nível cultural achamos que vai despertar o interesse dos oliventinos por conhecer mais da sua história: por exemplo, poucos sabem que os Gamas mais velhos eram daqui e que o próprio navegador Vasco da Gama tinha ligações familiares com Olivença."
O projecto permitirá ainda dar visibilidade à judiaria quinhentista da povoação (a "rua da Esnoga", por exemplo, remete para a localização da
antiga sinagoga). "A toponímia é também um importante recurso turístico para o crescente número de visitantes portugueses e espanhóis, mais um atractivo para uma localidade que já constitui um importante destino turístico."
O presidente da Além Guadiana destaca também o "aspecto simbólico" da apresentação dos nomes em castelhano e português, considerando ser uma "maneira de compatibilizar duas culturas, de recuperar a história e de outorgar vigência à língua de Camões".
A recuperação da toponímia original "é algo que já tínhamos proposto há bastante tempo", diz, por sua vez, o professor universitário Gonçalo Couceiro Feio, presidente do Grupo dos Amigos de Olivença, associação com sede em Lisboa e que tem como principal objectivo "pugnar, por meios não violentos, pela reintegração de Olivença em Portugal". "É uma forma bastante relevante de preservação de uma memória colectiva que vai ao encontro do património cultural, edificado e espiritual que é português de raiz", acrescenta Gonçalo Couceiro Feio, lembrando que muitos dos cerca de 30 mil habitantes da região de Olivença "são descendentes directos de portugueses, apesar de terem visto os seus apelidos castelhanizados".
O PORTUGUÊS CONTINUA A SER FALADO
"A língua de Camões fala-se ininterrompidamente em Olivença desde finais do século XIII". Para o Presidente da Associação Além Guadiana, Joaquín Fuentes Becerra, é este o mais importante legado português. "Até meados do século XX, 150 anos após a mudança de nacionalidade, a língua maioritária era o Português, apesar de não ter tido qualquer apoio institucional". Becerra acrescenta que, hoje em dia, para além de conservada pelos mais velhos, a língua portuguesa já está a ser ensinada nas escolas. "Estamos no caminho correcto, mas faz falta uma aposta mais forte para que a língua portuguesa não se perca em Olivença. A língua é tudo". Reclamando para a localidade a sua "INTEGRAÇÃO NA LUSOFONIA", a associação promove este fim-de-semana diversas manifestações culturais, incluindo uma sessão de leitura pública em Português na qual participarão oliventinos de todas as idades.
Jornal semanário "SOL, 11 de Junho de 2010, última página, mas com título em grande destaque
OLIVENÇA ENTRA NA LUSOFONIA
Olivença será palco no próximo dia 12 de Junho da primeira edição de "Lusofonias", UMA INICIATIVA QUE VISA INTEGRAR AQUELA LOCALIDADE NO ESPAÇO LUSÓFONO. A jornada é organizada pela associação cultural Além Guadiana e tem o apoio da Câmara de Olivença e da Junta da Extremadura
espanhola. Nesta jornada, haverá várias manifestações culturais e uma zona reservada ao artesanato e gastronomia lusófonas. Os antigos nomes de
ruas de Olivença em Português foram há pouco recuperados por iniciativa da Câmara local (*), que os recolocou em placas nas artérias principais e históricas da cidade.
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(*)um pouco incorrecto: a iniciativa foi da Associação local "Além Guadiana" [nota de Carlos Luna]

ESPANHA
AUTARCA ESPANHOL DE OLIVENZA TEM MEDO DE EXPLICAR AOS JOVENS DA CIDADE
QUE HOJE EM DIA PODERIAM ESTAR A TORCER PELO MELHOR JOGADOR DO MUNDO
As placas toponímicas das ruas e praças de Olivenza vão passar a ter, em baixo, a antiga designação portuguesa, para que os jovens da cidade espanhola não se esqueçam da História. Mas, como seria de esperar, o "alcalde" Manuel Cayado Rodríguez limitou-se a mostrar que a actual Plaza Colón (ou coisa que o valha) antes se chamava Praça D. Manuel I (ou coisa que igualmente o valha, em vez de explicar aos "jovencitos" que, se ainda fossem portugueses, não estavam a torcer neste momento pelo Villa, o Silva, o Fábregas e o Iniesta (essa bando de anões que parece que saiu de "O Senhor dos Anéis"), nem pelo Puyol (esse cruzamento de Cro-Magnon com porteiro de discoteca do Porto), antes pelos imponentes CR9, Carvalho, Pepe, Bruno Alves e Eduardo (que parecem deuses saídos de um filme "peplum" italiano), e pelo Pedro Mendes (esse cruzamento de Jesus Cristo com o William "Braveheart Wallace). Ou que estariam a ser treinados pelo elegante Carlos Queiroz, e não pelo Vicente Del Bosque, que com aquele bigode parece o
António Guterres nos anos 80. Mas, isso, "está bién ó abuela, como diria o José Sócrates. V.E.
Olivença: língua portuguesa e cultura lusófona vão "invadir" vila espanhola

A língua portuguesa e a cultura dos países lusófonos vão "invadir" Olivença (Espanha) no sábado, durante a primeira edição das “Lusofonias”, uma iniciativa da associação “Além Guadiana”.
“Queremos promover a herança cultural portuguesa em Olivença e fomentar o conhecimento de Portugal e dos países lusófonos”, disse à Lusa Joaquín Fuentes Becerra, presidente da associação “Além Guadiana”.
“Com a realização desta iniciativa queremos também reivindicar que Olivença faz ainda parte do mundo lusófono. Os idosos de Olivença ainda falam português e por isso queremos promover as nossas raízes culturais portuguesas”, acrescentou.
Para desenvolver um vasto conjunto de actividades, no sentido de promover a cultura e a língua portuguesa, a organização do evento elegeu como imagens promocionais da iniciativa Amália Rodrigues, Fernando Pessoa e Vasco da Gama.
“São ícones de Portugal e da sua história. Como curiosidade posso dizer que os familiares de Vasco da Gama são originários de Olivença e desta forma vamos relembrar esse facto”, disse.
Um dos pontos altos do evento está agendado para as 10:30 (hora portuguesa), quando se proceder à inauguração das "Lusofonias" e a um “simbólico” ato de apresentação das placas em português das ruas mais antigas da localidade, cujos nomes acabam de ser recuperados.
“As placas com os nomes das antigas ruas que estavam em português foram utilizados em Olivença até à primeira metade do século XX, por isso esta iniciativa tem um cunho cultural, didático e turístico”, sublinhou Joaquín Fuentes Becerra.
A iniciativa, que conta com a colaboração do Ayuntamiento de Olivença, da Associação para o Desenvolvimento Rural da Comarca de Olivença e da Junta da Estremadura, vai ainda contar com um vasto conjunto de atividades, entre as quais se destacam peças de teatro, música, literatura e animação de rua.
Em paralelo, haverá uma zona reservada a exposições, onde vão estar artesãos, um espaço dedicado à gastronomia e a instituições do espaço lusófono, bem como trabalhos ao vivo e animação musical a cargo de grupos de Portel (Évora).
A leitura pública contínua em português, na qual participarão oliventinos de todas as idades lendo ou recitando na língua de Camões, é outros dos pontos altos que a organização destaca deste dia dedicado ao mundo lusófono.
Durante a manhã também haverá uma demonstração de folclore, através do grupo “La Encina” de Olivença e a atuação das Cantadeiras de Granja (Évora).
No período da tarde, será projetado no Espácio para la Creación Joven, o filme “O Leão da Estrela”, haverá actividades de animação nas ruas e ainda a atuação dos alunos de português da escola pública Francisco Ortiz, de Olivença.
A "Estória da Galinha e do Ovo" e "O Canto dos Poetas", ambos interpretados pela associação "Do Imaginário" de Évora, são outros dos atrativos desta iniciativa promovida pela associação “Além Guadiana”.
*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
http://www.ionline.pt/conteudo/64102-olivenca-lingua-portuguesa-e-cultura-lusofona-vao-invadir-vila-espanhola